segunda-feira, 8 de março de 2010

O meu mais novo amor.

Eu, que um dia quase morri de amores por você, hoje morro de amores por mim. Aprendi que antes de me dedicar à qualquer outra pessoa, eu tenho que me dedicar àquela que sempre esteve aqui: eu. E parar com a arte do auto-boicote que eu venho praticando freneticamente nos últimos 15 anos.

Nunca vi mulher pra gostar de ser mal tratada como eu. Vai gostar do que é difícil lá na Irlanda! Arruma um hobby ao invés de ficar caçando desafios para o coração e auto-estima. Vai dançar, vai fazer teatro, vai jogar damas, prestar assistência jurídica gratuita nas comunidades carentes, vai escrever um livro, tricotar, escalar montanhas. Sei lá, arrumar outra coisa menos perigosa para o coração (sim, escalar montanhas é igualmente desafiador e muitíssimo menos perigoso, pelo menos para o coração).

Não sei porque é tão difícil para mim aceitar que posso sim ser amada pelo que eu sou. E mais ainda, porque só consigo me envolver com àquele que não mostra o menor interesse em me ter por perto. Desafios são bacanas, eu sei. É legal conquistar, fazer, acontecer. Mas hoje eu estou numa momento da minha vida em que eu quero ser conquistada, poxa vida.

Quero alguém fazendo loucuras por mim, me ligando de madrugada bêbado dizendo que está com saudades, passando em casa depois de um dia de trabalho e fazendo cafuné pra eu dormir. Quero atenção gratuita e não ficar mendigando por um sinal de vida. É a minha vez de decidir onde ir, de dar bolo, de deixar esperando, de arrancar sorrisos. Eu quem decido agora. Quem manda sou eu. Vai ser do jeito que eu quiser, e SE eu quiser. Eu mereço ser bem tratada pelo menos uma vez na vida. Mereço querer ser bem tratada e não ficar me remoendo pelos cantos por alguém que só me judia. Vou me permitir ser feliz, vou deixar que tentem me fazer feliz.

Pela primeira vez em 23 anos não vou me preocupar em fazer ninguém feliz, em completar ninguém, em ser a tampa que encaixa perfeitamente na panela dele. Vou ser feita feliz, vou ser completada, vou ser a panela sem tampa que espera pra ser fechada, ou que cozinha aberta mesmo. Gostar de quem gosta de mim deve ter alguma vantagem, e uma hora ou outra eu vou ter que encarar a realidade doída de que, talvez, eu acabe passando o resto da minha vida com um cara que não seja o amor da minha vida. Que o frio na barriga uma hora passa. Que a rotina existe mesmo, e pra todo mundo. Que o tal do amor talvez não seja tudo, ou que ele apareça com o tempo e não à primeira vista. Eu estou perdidamente apaixonada por mim, e pela primeira vez em muitos anos, é completamente recíproco.

1 Comentários:

Blogger Unknown disse...

Copie o seu texto [e colei no meu face. Era tudo que eu estava precisando falar para um certo alguém. Espero que não se importe, mas você me ajudou muito.

13 de outubro de 2011 às 20:50  

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